O que é e qual a importância do exame de processamento auditivo central?
O Processamento Auditivo Central é responsável pela maneira como percebemos e interpretamos os sons e é essencial no desenvolvimento da fala, linguagem e do aprendizado.
Uma das maiores preocupações de pais e educadores com as crianças está relacionada aos atrasos na fala e no aprendizado. Muitas vezes, as crianças são erroneamente classificadas como preguiçosas e desatentas, mas a verdade é que o problema pode estar na audição. Para tirar essa dúvida e avaliar queixas auditivas ou de dificuldade de comunicação existe o exame de Processamento Auditivo Central.
Também chamado de PAC, esse exame é usado para avaliar o Transtorno do Processamento Auditivo. Em resumo, é um procedimento para checar a capacidade de interpretação da informação sonora, ou seja, a maneira como os sons captados pelos ouvidos e transmitidos até o cérebro, são interpretados. Serão testadas habilidades como localização sonora, escuta competitiva ou figura-fundo e resolução temporal com tarefas como focar a atenção em um som e ignorar outros, discriminar um som do outro ou memorizar sons sequenciais, por exemplo.
O exame é feito em uma sala acústica com testes gravados e preparados de acordo com a faixa etária do paciente. A ideia é simular situações do cotidiano, como uma sala de aula, um ambiente ruidoso como uma festa ou várias pessoas falando ao mesmo tempo. O exame não necessita de preparo, é indolor e dura, em média, 60 minutos.
Não há nenhuma contraindicação para a realização do exame de processamento auditivo central, mas ele depende da colaboração do paciente. Por isso, no caso de crianças, é recomendado que elas estejam dispostas, descansadas e alimentadas, pois pode ser difícil prender sua atenção por muito tempo. Em alguns casos, pode ser necessário um retorno para concluir a avaliação dos resultados,
O exame é indicado para adultos e crianças. Pessoas com perda auditiva ou com audição normal podem sofrer com alterações no processamento auditivo central. O exame de avaliação do Processamento Auditivo é realizado com base no limiar auditivo do paciente, e quadros como infecções de ouvido, comuns em crianças, podem afetar a sua realização, por isso, é fundamental realizar uma avaliação audiológica completa, preferencialmente no dia do exame, ou no máximo com 30 dias antes da realização do exame de PAC, incluindo a audiometria e imitanciometria.
Por que realizar o exame de Processamento Auditivo Central?
Quando a pessoa apresenta um transtorno no processamento auditivo ela possui uma dificuldade em identificar e interpretar sons. Isso pode gerar uma série de implicações, como atrasos na fala, problemas de aprendizagem, falta de atenção, dificuldade de concentração, irritabilidade, falhas de memória, dificuldades para ler e escrever e dificuldade para aprender outras línguas.
Por isso, o PAC é altamente indicado para crianças em idade escolar, que apresentem qualquer um dos sinais citados. Crianças que apresentam queixas para entender a professora, para ler e escrever, de socializar com os coleguinhas, compreender piadas e ironias ou até mesmo de desenvolver a fala ou um discurso coerente, podem apresentar algum transtorno de PAC. Quanto antes for identificado o problema, menores serão os impactos no desenvolvimento.
Os transtornos do processamento auditivo central podem ter muitas causas, como quadros de otite recorrente ou perda auditiva não tratada. Também podem ser causados por alguns distúrbios neurológicos, como o atraso na maturação das vias auditivas do sistema nervoso central ou até mesmo pelo envelhecimento natural do cérebro. Isso faz com que a grande maioria dos diagnósticos desse problema seja feito em crianças e idosos.
A gravidade do problema auditivo é muito variável. Algumas pessoas podem apresentar mais dificuldades do que outras. Além disso, os efeitos podem ser agravados por outras condições, como dislexia, déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro autista (TEA).
O tratamento para transtorno do processamento auditivo central deve ser acompado pelo médico otorrinolaringologista e fonoaudiólogo. Munido das informações obtidas no exame e na avaliação audiológica, o especialista é capaz de indicar as melhores condutas para cada caso.
Em geral, as medidas envolvem sessões de terapia fonoaudiológica para treinamento auditivo em ambiente acusticamente seguido de intervenções na escola, em casa e com todos que convivem com o paciente. Durante as sessões, o profissional aplica uma série de tarefas com o intuito de treinar seu cérebro para analisar melhor o som. É importante que os pais e educadores se envolvam ativamente no processo, para potencializar os resultados do treinamento auditivo.
Com o uso da tecnologia e de uma equipe multidisciplinar, o TPAC é perfeitamente tratável por meio da reabilitação das habilidades auditivas que apresentam alterações. Seguindo essas e outras intervenções, o transtorno do processamento auditivo central se torna um problema menor ao longo do tempo, permitindo que os pacientes superem as dificuldades auditivas com sucesso.