Tosse persistente: pode estar relacionada a doenças infecciosas

Há casos em que vírus e bactérias podem desencadear quadros de tosse persistente que são um sinal de que algo no organismo está errado e precisa ser tratado.

 

Sabe aquela tosse persistente, que teima em aparecer o tempo todo e não passa de jeito nenhum? Ela pode ser um sintoma de diversos tipos de doenças, incluindo problemas respiratórios e cardíacos. Porém, quando ela aparece logo após um quadro infeccioso é chamada de tosse pós-viral, uma condição que se tornou bastante comum após a recente pandemia de covid-19. Mas vamos entender melhor como esse quadro funciona.

 

 

Antes de mais nada, é importante esclarecer que a tosse é um sintoma associado a várias doenças. Doença de refluxo, asma e rinossinusite são algumas das condições que desencadeiam casos de tosse persistente. Em geral, o sintoma persiste por mais de oito semanas e é classificado como um problema crônico, ou seja, uma condição que deverá ser controlada o tempo todo.


No entanto, há casos em que a tosse é resultado de uma infecção viral ou bacteriana.  O que ocorre é uma irritação ou inflamação direta nas vias respiratórias. No caso, o vírus pode se acomodar em uma via respiratória superior e causar uma irritação na região do nariz e das cavidades chamadas seios nasais e paranasais. As células que revestem essas estruturas ficam inflamadas, o que gera a tosse persistente. A tosse é uma das maneiras do corpo de se livrar do que é indesejado, como vírus, poeira e muco.


Quando nosso organismo é atacado por um vírus ou bactéria, as nossas vias aéreas ficam inflamadas e os tecidos incham e acumulam líquido. o fluido produzido escorre pela parte de trás da garganta causando um “gotejamento pós-nasal”. Isso desperta o desejo do corpo engolir ou tossir para limpar a garganta. No caso de infecções graves, como a H1N1 e a covid, os tecidos podem levar meses para desinflamar.


Há casos mais raros e um pouco mais complicados que se caracterizam pela condição onde o vírus se aloja nos brônquios, causando uma bronquite ou bronquiolite. Ou ainda casos em que o invasor causa uma sinusite crônica ou bacteriana como uma complicação da infecção. Nesses casos, quanto antes o tratamento, menores as chances da evolução do quadro de tosse.


Tosse persistente e covid-19


O problema é que a tosse pode persistir por semanas ou meses após a infecção ter desaparecido. Cerca de 2,5% das pessoas continuam tossindo um ano após serem infectadas com a covid. Além do incômodo, a condição afeta a vida social da pessoa e até mesmo o sono e o rendimento no trabalho.


Em geral, a tosse infecciosa pode durar até 60 dias. Em muitos casos ela desaparece sozinha, sendo aplicadas medidas para amenizar o sintoma, como hidratação constante, tomando pequenos goles d´água, aplicação de nebulizadores e alguns exercícios respiratórios. A conduta pode incluir medicamentos anti-inflamatórios e antitussígenos, a critério do especialista. Não é indicado o uso de xaropes que podem inibir a tosse, já que isso pode esconder o problema, piorando a causa por trás da tosse.  Se o sintoma durar mais de dois meses, o quadro precisa ser reavaliado pelo médico.


O profissional deverá checar a possibilidade de uma infecção secundária causada pelo quadro inflamatório. Além disso, há casos em que o paciente passa a apresentar quadro de refluxo, justamente pela tosse persistente. Para tossir, a pessoa enche o pulmão de ar, e assim ela pode aspirar ácido que esteja no suco gástrico. Essa aspiração causa o refluxo desse ácido para dentro do esôfago ou até as vias aéreas superiores, podendo causar uma laringite, faringite ou rouquidão. 


Para avaliar a tosse persistente o otorrinolaringologista pede uma série de exames clínicos. A nasofibrolaringoscopia (endoscopia nasal e laríngea) é passo importante no diagnóstico  que pode indicar uma  sinusite ou uma laringite aguda bacteriana.


No caso de o paciente apresentar sintomas como febre, tosse com sangue, excesso de secreção e perda de peso é importante conversar com o médico a respeito de outras doenças, como a tuberculose, que ainda é bastante comum no Brasil.  Em alguns casos, é possível ouvir um ronco no pulmão decorrente da passagem do ar pelas vias respiratórias obstruídas parcialmente pelo excesso de secreção ou um chiado, no caso de pacientes asmáticos.


No caso de tosse persistente por mais de 4 semanas é fundamental buscar ajuda especializada. A tosse não é a doença em si, ela é um sintoma que indica que há algo errado com nosso corpo, que precisa ser diagnosticado e tratado adequadamente.

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