Escuta mas não entende? Conheça os tratamentos possíveis
Escuta mas não entende? Você sabia que além da perda de audição, o Transtorno do Processamento Auditivo (TPAC) pode também afetar a capacidade de entender a fala? Hoje vamos falar sobre o impacto do Processamento auditivo central na compreensão de fala.
O TPAC ou Distúrbio do Processamento Auditivo (Central), já se tornou bastante conhecido pelos pais e professores, por ser diagnosticado na maioria das vezes em crianças. Trata-se da dificuldade de interpretar as informações sonoras que escutamos, ou seja, é a qualidade do som que passa pelo SNAC que está alterada por algum impedimento na via auditiva.
Os principais sintomas que são percebidos são as dificuldades de escutar em situação difícil (como ambientes com muito barulho), pedir repetição do que foi falado, aumento da intensidade vocal, aumento da intensidade de volume de aparelhos sonoros, troca de letras na fala e na escrita, dificuldades de leitura e interpretação de textos, baixo rendimento acadêmico, desatenção e alterações de memória.
A melhor forma de comprovar o diagnóstico é realizando o exame de PAC que é realizado dentro da cabina acústica com a utilização de fones de ouvido. Durante o exame, são apresentados testes auditivos de escuta difícil que avaliam como escutamos através de respostas comportamentais, os mecanismos fisiológicos auditivos (localização sonora, atenção seletiva e processamento temporal).
Após o diagnóstico, poucos sabem como lidar com a alteração, e isso acontece por que muitas vezes o tratamento não é divulgado ou então, ainda há duvidas sobre o que é realmente a terapia fonoaudiológica em cabine, hoje conhecida como treinamento auditivo acusticamente controlado – TAAC.
Diferentemente da perda auditiva que é tratada com o AASI (Aparelho de amplificação sonora individual) a alteração do processamento auditivo conta com a total ajuda da plasticidade neural para se reestabelecer. É a partir dela que surgiram os estudos sobre como tratar de forma efetiva as dificuldades do SNAC.
A plasticidade neural, de modo simplificado, é a capacidade que o SNC tem para criar novas redes de neurônios, novas informações, memórias e novos aprendizados, tudo isso pela interação do indivíduo com o ambiente, que influencia um comportamento a se modificar.
E o que tudo isso pode ajudar o fato de você escutar e não entender?
A via auditiva central é o caminho no qual as informações sonoras que ouvimos percorrem em forma de impulsos elétricos, ate chegarem ao córtex. Esses impulsos elétricos possuem características próprias, se diferenciam em frequência, intensidade e duração, dessa forma quando combinados, formam os sons que escutamos no nosso dia a dia. No DPAC há uma alteração na via que impede os impulsos de chegarem corretamente em seu destino, a informação fica distorcida ou ate mesmo incompleta, dificultando o entendimento.
As alterações da via auditiva iram persistir caso não haja intervenção externa (ambiental) que seja capaz de modificar a estrutura da via, é ai que entra o treinamento auditivo acusticamente controlado.
O TAAC é uma terapia diferenciada, realizada pelo fonoaudiólogo, nela o terapeuta deve utilizar equipamentos que permitam controlar a intensidade das informações acústicas que serão dadas e não necessariamente deve ser feita em cabine, mas em sala silenciosa ou acusticamente tratada. Além disso, as atividades auditivas são aplicadas a partir das dificuldades e alterações encontradas no exame de PAC, visando atingir diretamente as habilidades inadequadas.
É por meio dessa intervenção externa de estímulos sonoros controlados, que é possível adquirir aos poucos um novo comportamento auditivo. Estudos realizados na área mostram que a mudança comportamental ocorre em aproximadamente 10 sessões de estimulação auditiva, mas é importante saber que as sessões devem ser de no mínimo uma vez por semana e ininterruptas, pois somente assim a via auditiva central ira adquirir as novas habilidades.
Com a reestruturação das habilidades, com a via auditiva modificada, graças à estimulação auditiva e a plasticidade, as informações acústicas estão prontas para chegar ao córtex sem distorções e de forma completa, melhorando a compreensão, feedback auditivo, atenção e memória.
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